Dividindo (semana 13/09 a 19/09) "Dirigindo"

Em um campus universitário um rapaz dirige um veículo grande e pesado. Dentro ele carrega a responsabilidade de levar vidas de um lado a outro, não só da Universidade, mas de toda uma cidade. Outra pessoa, um senhor já chegando na “melhor idade”, também executa a mesma função, com a mesma responsabilidade, mas sem necessidade de atravessar a cidade. Ele dirige o ônibus interno do campus.

O veículo do rapaz é novo, possui marcha hidramática, bons amortecedores, mas os movimentos são bruscos. Ele pisa com pressa, corre, quase voa. O ônibus balança de um lado a outro, chacoalha com as curvas e a rua calçada em pedras. Está quase sempre cheio. Pela manhã, na hora do almoço e no fim da tarde só se entra nele por extrema necessidade de se chegar/ voltar da aula. Dentro dele as pessoas precisam se segurar. Lembra um brinquedo de parque de diversões que balança como que querendo jogar longe quem nele se diverte. O homem deve ter uma razão para correr daquele jeito…

O senhor vai com calma, não precisa muita pressa porque não vai muito longe, talvez já tivesse chegado onde queria ir. Apesar de dirigir um veículo já meio velho, o faz com muita tranquilidade. A aparência é acabada, a tinta descascada remonta aos tempos de sua maior atividade. Talvez aquele mesmo veículo, com alguém como aquele senhor, já tivesse sido testemunha de algo que hoje ouvimos dos nossos pais e conhecemos através dos livros. As curvas são feitas com duas ou três trocas de braços ainda fortes, mas lentas. O movimento do ônibus também lembra um parque de diversões. Dessa vez o brinquedo não é como aquele do rapaz. Lembra mais um carrossel, que sobe e desce nos quebra-molas do campus com toda calma e sutileza proveniente da postura do velhinho que vai à frente. Também vai cheio de vez em quando, mas não tem muita importância, as pessoas não terão de suportar por muito tempo aquela situação, logo o ônibus contorna a Universidade.

O rapaz e o senhor são motoristas que dirigem ônibus na universidade. Diferença entre os dois: a maneira como fazem. A moderação, paciência, calma é uma virtude que o tempo nos ensina. Um dia descobrimos que a intransigência não leva muito longe, que a certeza quase nunca é absoluta (salvo aquelas de fé). Talvez um dia o rapaz chegue aonde o senhor chegou e entenda que não precisa correr muito, já que não está muito longe de lá.